:No mês mais mortal da pandemia, governo entregou menos da metade das vacinas prometidas

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No mês mais mortal da pandemia, governo entregou menos da metade das vacinas prometidas

No mês mais mortal da pandemia, governo entregou menos da metade das vacinas prometidas

Ministério da Saúde distribuiu em março 20 milhões das 46 milhões de doses previstas; antecipação de negociações poderia ter compensado atrasos, dizem especialistas No mês marcado pelo maior número de mortos no país desde o início da pandemia de Covid-19, o Ministério da Saúde entregou aos estados menos da metade das doses de vacina que havia prometido para março. Segundo dados do portal Localiza SUS, a pasta distribuiu 20.321.310 doses aos estados, quando havia prometido 46.033.200 doses para o mês, em anúncio feito pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello no dia 17 de fevereiro.

Nova frustração deve ocorrer em abril. A estimativa oficial mais recente ainda é de 47,3 milhões de doses, mas o novo ministro, Marcelo Queiroga, já estimou que devem ser recebidas apenas 25,5 milhões, sem detalhar os motivos.

Ao GLOBO a pasta argumentou que o cronograma é apenas uma previsão e está sujeito a alteração a depender dos laboratórios. Especialistas na área indicam, no entanto, que o erro da pasta foi justamente não diversificar o número de fornecedoras para minimizar os riscos impostos por incidentes na produção.

Nesta quinta-feira (1), foram registradas mais 3.673 mortes em 24 horas, com o país alcançando 325.559 óbitos pela doença. Mais 89.459 pessoas foram diagnosticadas com infecção pelo vírus, totalizando 12.842.717 casos até agora. A média móvel de sete dias do número diário de mortes no país agora está em 3.119, o que representa aumento de 43% nas últimas duas semanas.

As previsões de entrega de doses de vacina têm sido descumpridas reiteradamente. No último cronograma divulgado, atualizado em 19 de março, havia a expectativa de que fossem entregues 38.097.600 doses até o final daquele mês, número bem maior ao efetivamente entregue.

A análise é de que o fato de o Ministério da Saúde ter optado no início por celebrar contrato com apenas uma fornecedora, o laboratório AstraZeneca em parceria com a Fiocruz, e ter demorado a ampliar os acordos com outras produtoras, como o Butantan, a Pfizer e a Johnson, fez com que o país não tivesse uma reserva para dar conta de atrasos de entrega, algo que podia ser esperado.

Uma das explicações para a queda acentuada em março está nas entregas feitas pela Fiocruz da vacina de Oxford. Foram apenas 2,8 milhões de doses ante uma previsão de 15 milhões. Houve frustração também no recebimento de imunizantes do consórcio Covax Facility, que entregou apenas 1 milhão das 2,9 milhões previstas para março. A pasta também esperava 8 milhões de doses da Covaxin, que teve registro negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anteontem.

O cronograma para abril já sofreu redução oficial de 10 milhões de doses, estando agora fixado em 47.329.258 de unidades. Mas a estimativa dada pelo ministro em audiência na Câmara anteontem é de receber apenas 25,5 milhões.

O número previsto no cronograma oficial ainda leva em conta outras 8 milhões de doses da vacina Covaxin, além de 400 mil da Sputnik V, cujo processo está paralisado na Anvisa por falta de documentação.

Ontem, representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) informaram que a entrega de mais vacinas pela iniciativa Covax previstas paras os meses de abril e maio podem sofrer novos atrasos devido a problemas de fabricação na Índia e na Coreia do Sul. Ontem, foram distribuídas aos estados as primeiras 1.974.250 doses de vacinas de abril.

Demora na contratação
Em junho do ano passado, o Ministério da Saúde anunciou o contrato para a produção da vacina de Oxford, que teve a assinatura formal da Fiocruz em setembro. Novas aquisições, porém, só ocorreram em 2021, sendo que, no fim do ano, o presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar que não compraria o imunizante CoronaVac, produzido pelo Butantan. Somente em janeiro, pouco antes da aprovação das primeiras vacinas pela Anvisa (Oxford e CoronaVac), a pasta assinou contrato com o Butantan, responsável pela maior parte das entregas até agora.

Em fevereiro, a pasta firmou acordo com o laboratório Precisa Medicamentos, que distribui a vacina indiana Covaxin. Em março, após meses de negociação, assinou com a União Química, produtora da Sputnik V, com a Pfizer e com a Johnson & Johnson. O país também tenta aumentar a participação na iniciativa Covax.

Para o ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o Ministério da Saúde não pode se isentar de responsabilidade no descumprimento do cronograma. Segundo ele, “erros grosseiros” e omissão explicam a crise atual:

— Se tivéssemos sentado com Butantan e Bio-Manguinhos (Fiocruz) e planejado de maneira conjunta e articulada; se tivéssemos optado por 20% da população em número de doses no Covax Facility da OMS e não por 10%; e se tivéssemos comprado e reservado doses dos outros laboratórios, teríamos em janeiro começado a vacinar 2 milhões de pessoas por dia. Não tem nenhum sentido o Ministério dizer que foi inesperado, algo do qual não tem controle. Negativo. As digitais do governo federal, do Ministério da Saúde e do presidente estão nesse problema — criticou.

Especialistas citam ainda entraves na produção de vacinas em solo nacional, como dificuldades na importação de insumo farmacêutico ativo (IFA), matéria-prima para os imunizantes.

— O problema é que o Ministério fez uma previsão irreal. Por exemplo, nos contratos de Bio-Manguinhos (Fiocruz), tinha uma previsão de 15 milhões de doses por mês, mas o IFA não chegou no Brasil. O Ministério colocou no cronograma a vacina da Covaxin, que teve pedido de importação negado pela Anvisa. Temos uma vacinação lenta porque chega pouca vacina, não tem vacina. Foi um erro estratégico — analisou a epidemiologista Carla Domingues, que esteve à frente do Programa Nacional de Imunização (PNI) por oito anos, dizendo ainda que não há garantia de que a vacinação não seja interrompida pela falta de doses.

Até agora, o Brasil aplicou a primeira dose em 18.584.301 pessoas (8,78% da população), e 5.223.544 já receberam a segunda dose, o que representa uma cobertura completa de 2,47%. Os grupos prioritários totalizam cerca de 77,2 milhões de pessoas.

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Data: 21/04/2021 23h07min

Hospital do Câncer de Londrina


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