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Horas de tédio

Vazio, aborcrecimento, desgosto, vontade nenhuma. Você reconhece alguma dessas sensações? í‰ bem provável que sim. Afinal, quem nío experimentou aquelas horas que nada dizem e podem ser traduzidas com uma palavrinha tío curta quanto tédio? Melhor nem tocar no assunto? Pois esses sentimentos sío legí­timos e fazem parte do ser humano. E, definitivamente, para quem estuda o assunto, nío precisamos, necessariamente, travar uma batalha contra o vazio. Mas vale a pena buscar motivaçío para sair da modorra.


O filísofo francês Pascal já apregoou que nío há nada mais insuportável para o homem do que estar completamente ocioso, sem paixões, ocupações, diversões ou leitura. A psicanalista Maria Cristina Reis Amendoeira assina embaixo. Segundo ela, mais do que nío fazer nada, o tédio se caracteriza pela perda da paixío, do interesse pelo mundo e, consequentemente, por si mesmo. "O indiví­duo se sente desmotivado para desenvolver qualquer atividade, e nada lhe desperta vontade, nada lhe anima", observa a especialista.


O tédio é comum em qualquer pessoa, em todas as idades. Na fase madura, porém, ele pode chegar junto com a aposentadoria, ressalta Maria Cristina. Segundo ela, quando o indiví­duo deixa de exercer a atividade que permeou toda a sua vida, é possí­vel que sinta-se vazio, desmotivado. "Desenvolve-se entío uma relaçío de tédio a tudo que o mundo lhe oferece. O lado afetivo se anula para a vida e para as pessoas", aponta a psicanalista.


Maria Cristina também destaca que ficar entediado está relacionado com a dificuldade de estar sí. E para fugir de si mesmo, busca-se iníºmeras atividades para preencher o tempo. O recurso, no entanto, pode nío ser eficiente quando nío há o envolvimento emocional em nada o que se faz. "Há muitos indiví­duos extremamente ocupados e, mesmo assim, continuam entediados porque nío há paixío no que fazem", explica.


A soluçío para o tédio, de acordo com a psicanalista, está nos bebês. "Eles nunca ficam entediados porque sío curiosos, e estío sempre em busca de algo que lhes desperte atençío", compara. Por isso, durante a aposentadoria, é importante procurar atividades que realmente dío prazer, resgatar os hobbies que foram deixados de lado pela falta de tempo, ser criativo, correr atrás dos sonhos. E mergulhar de cabeça.


E, se mesmo assim ele chegar, nío lute contra, aconselha Maria Cristina. "Existem momentos em que a quietude e a solidío sío importantes. í‰ bom estar bem consigo mesmo, refletir, envolver-se com as boas lembranças. O que nío pode é ficar aprisionado ao passado e desistir do presente. Afinal, como valorizarí­amos as relações e os prazeres na vida, se nío tivéssemos um pouco de tédio?", pergunta ela. í‰ sua vez de responder.

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Fonte: www.maisde50.com.b
Por: Antonio Delvair Zaneti
Data: 08/03/2007 14h13min

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