:Você precisa conhecer essa história antes de criticar a roupa da abertura

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Você precisa conhecer essa história antes de criticar a roupa da abertura

A modelagem e cor da saia, o amarelo pouco brasileiro da camiseta, o caimento, a diferença do ar mais despojado em comparação com as peças de alfaiataria escolhidas por outros países. As críticas aos uniformes que os atletas brasileiros vão usar na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, a partir das 14h30, pelo horário de Brasília, acabaram desviando o foco do ponto principal, e mais brasileiro, do uniforme: o trabalho das bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, do Rio Grande do Norte.

Os bordados estão nas costas das jaquetas jeans e representam onças, tucanos e araras, buscando mostrar animais característicos da fauna brasileira por meio do trabalho de mulheres simples do semiárido nordestino.

Não é por acaso que, quando o UOL encontrou as bordadeiras Salmira de Araújo Torres Clemente e Jailma Araújo, elas mal estavam acreditando na experiência de estarem em Paris, tanto diferente da cidade de menos de 2.500 habitantes, sendo que um terço da população é formado pelo grupo das bordadeiras.

Uniforme do Time Brasil para a cerimônia de aberturaImagem: Divulgação/COB

Foi uma jornada inesperada. Elas já estavam contentes de tornar uma tradição que passou de mulher a mulher na cidade em uma instituição com o nome do lugar. Por meio do Sebrae, elas tiveram contato com a empresa de fast fashion Riachuelo, que comprou uma peça delas. Isso abriu o espaço para que elas entrassem no projeto Olímpico, a fim de agregar valor à peça que seria usada pelos atletas e comercializada pela marca.

"Não é só um simples bordado", disse Salmira, que tem 68 anos e é bordadeira há 50. "Isso aí conta a história de um povo, de mulheres guerreiras, lutadoras, resistentes às dificuldades que o Nordeste tem. Eu aqui represento essas 80 mulheres que participaram do projeto, mas nós somos 800 bordadeiras que, na verdade, têm essa atividade como a única opção de fonte de renda, e acaba se tornando um grande amor, um grande amor pela arte, um grande amor pelo dom que nós temos de colocar, de dar vida a um desenho preto e branco no papel."

"Sempre teve crítica para os uniformes "

O projeto tem como embaixadora Virna, ex-jogadora de vôlei e medalhista olímpica em Atlanta-96 e Sydney-2000, que também é potiguar. E ela tem uma conexão pessoal com toda essa história.

"A minha avó nasceu em Timbaúba dos Batistas, então a minha família tem toda essa cultura da arte, do bordado, da renda, do vestiliê, e estou muito orgulhosa de saber que a nossa origem está brilhando aqui no mundo", disse ela, que relembrou de outras edições dos jogos.

Detalhe do uniforme da equipe olímpica brasileira para os Jogos Olímpicos de Paris 2024Imagem: Buda Mendes/Getty Images

"Já joguei três Olimpíadas, participei em mais de quatro como comentarista. Todas as vezes que desfilei em Olimpíadas, que nós tínhamos os uniformes, sempre existia uma crítica. Só que agora tem essa rede social que é avassaladora."

Virna acredita que o bordado representa a cultura do país. "O nosso país é tropical. Todos os nossos uniformes foram com esse olhar do tropicalismo, da floresta amazônica. Então, me desculpem os críticos. Eu tenho certeza que, quando todos os atletas estiverem com esse uniforme, aquela calça branca, aquela saia branca, vai ser a coisa mais linda do mundo, porque é o tropicalismo, é uma arte que está feita numa jaqueta. Acho que todo mundo no Brasil, como trabalhador, tem que ter a oportunidade de poder brilhar, de poder mostrar a sua arte, como os atletas também."

Perguntada como recebeu as críticas ao uniforme, Salmira pediu respeito às bordadeiras. "É uma tradição que vem de geração para geração. E é dele que as mulheres tiram o seu sustento, com sua criatividade. Quem está vestindo a jaqueta, não está vestindo só a jaqueta com bordado da onça, do tucano ou da arara. Nela vai um pouquinho do amor, vai um pouquinho da nossa cultura, e vai também o respeito e o desejo de você ser campeã e trazer a medalha de ouro para o Brasil."

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Fonte: UOL
Por: Redação
Data: 26/07/2024 22h31min

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