:Australiana supera 11 anos de abuso para competir no Rio: "Libertador"

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Australiana supera 11 anos de abuso para competir no Rio: "Libertador"

Depois de Londres, ginasta denunciou o agressor e agora comemora o fato de não precisar mais "carregar mais esse peso" na disputa de sua segunda Olimpíada

Uma rotina exaustiva de treinos, cuidados extremos com alimentação e as dores quase permanentes no corpo são as únicas preocupações que uma ginasta deveria ter. Não foi assim com a australiana Larrissa Miller. 

As dificuldades naturais para realizar o sonho olímpico por muito tempo foram secundárias para alguém que, dos 5 aos 16 anos, sofreu com um crime que lhe roubou o direito de crescer como as outras crianças da pequena Moranbah, em Queensland, na Austrália. Larrissa Miller sobreviveu a 11 anos de abuso sexual por uma pessoa da família, que ela evita revelar.

Apesar de ter participado da Olimpíada de Londres 2012, é possível dizer que a história olímpica da australiana de 24 anos começa no Rio de Janeiro. Há menos de um ano, ela tornou público o abuso sofrido por um motivo nobre: encorajar outras pessoas a revelarem e pedirem ajuda.

– Eu cresci muito como pessoa nos últimos anos. Passei a me descobrir melhor. E isso foi muito libertador. A última Olimpíada foi mais para vivenciar a experiência olímpica. Agora estou muito mais focada para alcançar meus objetivos – disse Larrissa, em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira.

No evento-teste no Rio, Larrissa Miller foi prata no solo. A brasileira Flávia Saraiva foi ouro (Foto: RICARDO BUFOLIN/CBG)

A decisão de contar à família o que ela vinha sofrendo ocorreu ainda aos 16 anos anos. Foi a primeira medalha de Larrissa.

– Cheguei ao ponto onde não havia outra escolha. Eu tinha quase 17 anos e sofria com depressão, ansiedade, insônia e transtorno de estresse pós-traumático. Por mais que eu tentasse esconder, as pessoas ao meu redor percebiam mudanças em mim. Eu mal comia. Brigava muito com minha mãe, que pensava que eu era uma adolescente temperamental. As coisas não podiam continuar daquela forma – revelou, em entrevista ao portal especializado wogymnast.com, no ano passado.

Foi então que ela decidiu se abrir para a irmã, que logo contou tudo para sua mãe. O medo de ser, de alguma forma, vista como “culpada”, felizmente se transformou em alívio com o apoio da família. Ninguém próximo à ginasta jamais questionou a veracidade de seus relatos. Mas, por trás de tudo isso, estava o esporte.

– A ginástica foi minha salvação. Eu não sei o que eu teria feito se não fosse por ela.

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Larrissa com os pais, uma semana antes da viagem para o Rio de Janeiro (Foto: Reprodução/Instagram)

Depois de Londres, aos 20 anos, ela formalizou a primeira queixa contra o agressor. Os julgamentos começaram em 2015. Ele foi preso em maio do mesmo ano. No dia 9 de setembro, ela resolveu divulgar publicamente sua história. 

A data escolhida foi para marcar o white balloon day (dia do balão branco), promovido pela ONG australiana Bravehearts, que ajuda crianças vítimas de abuso. Desde então, Larrissa passou a ser embaixadora da entidade.

– Eu não preciso mais esconder. Eu não sou isso. É uma coisa que aconteceu comigo, mas não me define. Eu me sinto mais leve não carregando esse grande peso mais. Mesmo sabendo que, de alguma forma, sempre estará lá.

Como embaixadora, ela quer encorajar crianças a contarem suas histórias. Se preocupa em dizer que acredita nelas e sempre pergunta se elas estão recebendo o auxílio necessário. Como atleta, Larrissa está livre para voar no solo e nas barras assimétricas, as duas provas para as quais se classificou na Olimpíada. Como pessoa, está livre para viver.

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Fonte: Globo Esporte
Por: Antonio Delvair Zaneti
Data: 29/07/2016 10h38min

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